sexta-feira, julho 22, 2005

 

"O que é que eu tenho a dizer aos que estão a começar agora? Puta que os pariu!"













Alguém viu o documentário que passou hoje na 2: sobre o escritor Luiz Pacheco? A única coisa que li dele foi este texto que já na altura gostei bastante, mas depois de ter visto o documentário, este gajo tornou-se o meu herói e fiquei com vontade de comprar tudo que é livro dele. O homem é basicamente o paradigma do libertário, do provocador e marginal. Quem tiver interessado, pode ler uma entrevista com ele (que É A LOUCURA!), neste blog (não ponho link directo porque a entrevista está dividida em vários posts, façam scroll-down até aparecer o primeiro post com a entrevista).
Olhem só como o gajo é o maior,

"... Agora este aqui, do Príncipe Real, já se aproxima mais da generalidade. Por exemplo, as giletes que eles dão aqui algumas já barbearam mortos. Tu não fazes ideia... Isto é um armazém de pré-cadaveres, é uma parada de monstros. Há um gajo que não tem uma perna, anda de cadeira de rodas empurrado por um velhinho de 88 anos, há outro que é cego, tem glaucoma, mais a namorada, que é horrorosa, mas como ele não vê também não faz mal... outro tem alzheimer, o sr. Américo, entra aqui, de boné e pijama, dá uma volta pelo quarto, às vezes vai à casa de banho, sai, não repara em ninguém, não diz nada... há outro que é o sr. Vergílio, anda pelos corredores a rir e a assobiar, são dois fantasmas... Há uma que anda aqui a passear de um lado para o outro, diz “ai, ai, ai”, depois vai bater na outra que está sempre sentada na cama, vai lá mexer... não têm mão nela... com estes gajos não se pode estar a discutir, é comprimido, água para o bucho, não vai um vão dois, fica a dormir dois dias seguintes... Isto agora aqui são os últimos dia do condenado. Aqui a lei é morrer devagar. Está uma a morrer ali, ou já morreu, não sei, estou eu a morrer aqui, está outra a morrer ali... A ver quem morre primeiro… “Já foi”, é o que dizem quando alguém morre. Agora já sei o que vão dizer quando eu morrer." - excerto da entrevista.


Comentários:

Que coisa tão adolescentezinha.
 
Tambem estive a ver o programa ontem.... Mas não consegui até ao fim.
O homem pode ser muito bom escritor mas é um louco, fiquei com uma ideia muito bocágica deste senhor, e eu detesto Bocage. Tenho que ler qualquer coisa dele para poder tirar alguma conclusão séria.
 
1º)Comentários anónimos é muito de fraco.

2º)Eu não sou propriamente um idoso.

3º)"Coisa adolescentezinha" porque disse que o homem ficou o meu heroi? Então disse isso como podia ter dito que me apetecia comer bananas. E ainda que o tivesse dito a sério, pega em dez pessoas de 40+ anos, pergunta-lhes quais foram os ídolos da adolescência, os que disserem que não tinham, são uns chatos cujo momento alto da semana é o jogo de futebol que dá na tv.

4º)Metaloid, como é possível começar ver aquilo e não ver até ao fim? (Quer dizer...também confesso que a minha primeira reacção foi "vai-te foder pedófilo do caralho" e tive pa mudar..)
 
Gosto dos óculos.
 
E já agora uma palavra para o documentário em si que foi das melhores coisas que já vi dentro do género.
 
E como aposto que ficou tudo com vontade de ler Luiz Pacheco, aqui podem encontrar alguns excertos de livros dele http://www.triplov.com/luiz_pacheco/
 
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